comecei a escrever ainda na adolescência, blogo desde 2007 e meu primeiro livro foi publicado em 2014, o sexto deve ser lançado no próximo mês. entendo há tempos que não tenho o perfil de escritor convidado pro famoso festival literário de paraty. e não tem problema, lido bem com isso. talvez a fatia literária que me cabe esteja em outro latifúndio mesmo.
mas que a cidade é bonita, isso é.
passei por lá apenas uma vez, de passagem para ilha grande. gostei de bastante coisa que vi, embora a dificuldade pra caminhar naquelas pedras tenha me incomodado um bocado.
fiquei com gosto de quero mais.
então, após planejar por bom tempo, combinei com pessoas bem próximas de visitar o barça, que mora há aproximadamente duas ilhas do centro da cidade em questão.
duas das três pessoas que iriam comigo tiveram familiares com problemas graves de saúde. e eu mesmo acordei gripado no dia viagem obviamente defenestrada da janela do nosso destino.
não preciso falar do péssimo gosto de viajar doente num carro com outras pessoas. ainda mais quando não se sabe bem se o diagnóstico é de gripe, dengue, covid 19 ou quiçá até um breve surto de esclerose múltipla.
inclusive fui até a farmácia local para testar covid (odeio esse novo verbo). o profissional de saúde que sempre me atende abriu sádico sorriso escancarando seus 19 dentes antes de enfiar o curioso tipo de ampola reversa nas minhas narinas. embora o teste seja indicado pra fazer em casa, eu não tenho capacidade motora pra função, e ainda bem que encontrei alguém que topa prestar o serviço, o sorriso humilhante faz parte do pacote, é o de menos. com o resultado negativo em mãos, botei na cestinha uma pasta de dente, um desodorante e me dirigi ao caixa pra pagar tudo junto, como se fosse um adolescente oitentista comprando na banca de jornal revistas pornográficas proibidas com gibis por cima pra encobrir o ato. colgate é a nova minnie. mas ta tudo lindo, o horizonte é azul, porque poderia ser muito pior.
afinal, viver sempre foi perigoso, mas é preciso reconhecer que nunca fomos tão frágeis.
o mano de paraty é gentilíssimo e faz mil e duzentos trampos ao mesmo tempo. entre eles, organiza almoços em alto mar com uma habilidosa cozinheira local. no século passado eu era leitor do cara e hoje tenho orgulho de considerá-lo como bom amigo. qualquer hora dessas o rolê dá certo, sim.
porque hoje o que me move é gente que eu gosto e a boa mesa, nessa ordem.
no fim do mês receberei em terras paulistanas outro grande amigo carioca, tijucano exilado em copacabana, o edu. embora ele seja bastante disputado por diferentes facções etílicas, farei o que estiver ao meu alcance pra recebê-lo de maneira devida. também trabalhamos com hospitalidade.
agora, sabe de um troço que anda tão delicado quanto nossa saúde? o bolso, em especial o mar de gastança com programas bosta.
embora custe a entender como tanta gente cai em armadilhas gastronômicas tão óbvias, acho um tanto canalha responsabilizar a vítima pelo golpe.
então, antes de sair de casa para jantar, recomendo que pesquise bastante sobre o lugar eleito, pondere sobre sua escolha, desconfie de listas. aliás, procure saber quem está por trás dos rankings. siga o caminho do dinheiro.
hoje existe informação em abundância ao alcance da sua mão, cabe a você filtrar as paradas todas. eu não estou mais aqui, meu quarto de século já passou. porém tenho certeza que não será tão difícil achar nas redes sociais gente com quem você se identifique. mas sempre com um pé atrás, pelamor. desconfie de quem tenta te agradar. é normal não concordar com tudo, análises independentes são feitas pra te provocar mesmo, pra te estimular a pensar. fuja de gente supostamente fofinha que tenta te agradar em tudo. e não me estenderei sobre quem capitaliza em cima da ignorância alheia porque isso é o que mais tem, em todos os segmentos.
não alimente o ego e nem o bolso de quem não se importa com você. comer bem pode e deve ser mais simples que alguns indigestos tentam te empurrar.
e cuidado! há um morcego bem na porta principal!
Que orgulho estar citado na newsletter que leio sempre que me chega, Julio Bernardo. Coisa fina. E até breve!
Meu caro, lembro que cruzei com você na parte externa do Bar da Dona Onça, e conversamos com um café à mesa. Além de receber mais dicas, e comentar minhas andanças, pude lhe agradecer por ter me indicando a Talita, na Conceição Discos.