alice no país das maravilhas

e um brinde para ian gillan

foi um fim de semana agitado para esse pacato senhor de meia idade que vos escreve.

a começar pelo espetáculo único de alice cooper e seu impecável rock horror show. com 77 anos ele comanda com maestria sua excelente banda e a peça onde apronta mil e uma confusões para ser julgado e enforcado em palco público. a encenação setentista envelheceu bem nesses tempos sombrios de cancelamento.

tia alice - como sua personagem gosta de ser chamada - ainda canta super bem e saiu pra jantar no barbacoa, além de uma passada básica naquela galeria que já foi do rock. estou curioso pra saber o que ele comeu e já tenho assunto pra papear com o camarada jeff quando voltar lá. o que não deixa de ser desculpinha pra mandar o curso de cordeiro do qual estou com saudade.

também arrumei tempo pra conhecer um bom lugar, o boteco da manu. onde bebi boas caipirinhas, mandei uma mandioca deliciosa e um pastel todo certo, raridade na cidade. eu adoro pastel e faço questão de elogiar quando encontro um ótimo. o da manu tem proporção correta de recheio pra massa, é bem fechado e - aleluia! - é frito direito, com zero palidez. por fim, há de se destacar o belo serviço de feijoada.

outro rolê dado foi a visita na feira de livros dos meninos do itaú. tenho inúmeras críticas a todo o evento em si, mas hoje prefiro dizer que seria ainda pior se não tivéssemos a feira. inclusive comprei sete livros lá, que terei que me virar nos 30 pra conseguir ler, devido a limitação visual. mas hei de conseguir, porque ainda melhor que comprar livros é lê-los.

e ontem o show do deep purple foi lindo. cinco caras, sendo que dois deles completam 80 anos em 2025 e o restante da banda não tá assim o que costumamos chamar de flor da idade, tocando rock completamente expostos, sem backingss, sem base pré gravada, sem trio de metais e muito menos playback. poderia ser só obrigação, mas em tempos de consagração de artistas com o perfil de lady gaga, é um louvor. amém?

conheci alguns membros púrpuras em 1997 e, seu eu quiser, até tenho acesso ao gillan. pensei em produzir um frango frito pra ele, mas preferi respeitar a sua privacidade. o que faz sentido porque, até onde sei, o velho bardo inglês não bebe mais e tem saído muito pouco.

aliás, alice cooper, alcoólatra assumido, também não bebe mais há muito tempo. se o segredo da longevidade com saúde é a sobriedade eu tô fudido e dias terríveis estão por vit.

o show do deep purple - banda cujos shows no brasil acompanho desde 1991 - foi na noite de domingo, quando a cidade é especialmente inóspita para quem quer jantar fora. imagino que gillan tenha comido algo no quarto de hotel, eu preferi ir na margherita, clássica pizzaria paulistana fundada pelo esquerdinha, jogador do são paulo morto há pouco tempo. o seu legado segue bem cuidado em redondas com cobertura clássicas, tais como a de aliche com bom molho de tomate e ausência de queijo graças a zeus.

hoje prepararei martinis na casa do alê boechat - que ta com umas garrafas da sacred muquiadas em seu bar - e amanhã começa minha penúltima semana cozinhando na cervejaria central, aqui no distrito vilabuarquiano.

então de dia tentarei ler e à noite fritarei frango.

e você? como quer envelhecer?